Na complexa trama que rege a sociedade, podemos perceber que a cada dia o dinheiro está sendo o grande “carro chefe” que dita as regras da vida dos homens. Inebriados e perpassados por essa dinâmica do Capital, sentimos cada vez mais o apelo ao consumo, ao acumulo excessivo e desenfreado de riquezas financeiras.
Nesse contexto, coisas que durante séculos foram tidas como essenciais estão sendo colocadas à margem em favor das necessidades mais imediatas e do conforto que o dinheiro pode nos proporcionar. Partindo dessa perspectiva poderíamos nos perguntar: “Qual lugar o dinheiro ocupa nas nossas vidas?”.
Esse questionamento apesar de simples pode gerar inúmeros conflitos internos nos indivíduos a partir do momento que eles partindo de uma reflexão honesta, cheguem ao diagnostico que estamos transformando-nos em meras máquinas de produzir dinheiro. Nos entregamos ao que dita o mercado e o sistema e vamos deixando de lado coisas essenciais como as amizades, o amor, a honestidade, a ética, a fé, a esperança.
A cada dia que passa, vemos com clareza que nossas esperanças estão sendo depositadas no dinheiro: “Eu tenho, eu posso!”. O dinheiro tornou-se sinônimo de poder, com ele podemos comprar tudo e todos. Para alcançarmos esse “ter” tão valorizado e essencial como o próprio ar que respiramos, não medimos esforços, mesmo que para isso tenhamos que passar por cima de todo o conjunto ético que pela tradição social nos foi legado por aqueles que nos antecederam. A ética tão necessária para a sustentação coerente de uma sociedade está ameaçada, sua rigidez está sendo lapidada para ceder lugar a uma “ética maleável”, conceito esse último que seria contra tudo aquilo que os filósofos pensaram.
As amizades estão sendo construídas quase como são traçadas as relações comerciais, sendo que os sujeitos estão na maioria das vezes interessados em saber com clareza em quê serão beneficiados. O amor se banaliza a cada momento, não se busca mais uniões que possam servir de amparo durante os momentos de intempéries da vida, onde se possa compartilhar as alegrias e construir uma descendência. Tudo está muito solúvel, estamos regredindo aos tempos onde os matrimônios se faziam baseados em relações financeiras de interesses, no qual se buscava consolidar riqueza ou interesses políticos entre famílias poderosas.
Acredito que seja oportuno salientarmos as concepções de Zigman Bauman, quando ele afirma que estamos vivendo no mundo do líquido, onde tudo é passageiro e nada é sólido. As relações sociais acabam por está sendo costuradas pela linha do lucro e do beneficiamento próprio e imediato. Os sujeitos estão tornando-se fragmentados, sem identidade, sem raízes.
É essa falta de identidade que está gestando grande parte dos problemas da nossa sociedade. Não há mais uma identificação entre os homens, parece que a caridade foi sepultada e descansa sob uma fria lápide. Perdemos a capacidade de nos condoermos com os problemas dos outros, de sermos solidários com aqueles que precisam, de lutarmos por objetivos concretos e uma sociedade melhor e mais igualitária. Será se não estamos decretando o fim dos nossos sonhos?
A partir do momento que o dinheiro e o poder que esse proporciona está sendo a meta de nossas vidas, a grande razão de vivermos, estamos automaticamente decretando a nossa mesquinhez espiritual e mental. Claro que o dinheiro é necessário para sobrevivermos em sociedade já que, estamos regido por um sistema capitalista que baseia-se nesse como mola mestra, mas não podemos colocar o dinheiro acima de todas as coisas e supervalorizá-lo.
Enquanto permanecermos colocando o dinheiro como o nosso deus não teremos como construir um mundo melhor para se viver, e estaremos adentrando de forma mais rápida no poço do individualismo que gera solidão e depressão, distanciando-nos de nossa própria essência que é o amor. Devemos ser senhor do dinheiro e não deixarmos que esse se torne o nosso senhor e vivamos em função dele. No momento em que tomarmos consciência disso estaremos promovendo uma incipiente revolução social e galgando a construção de uma sociedade melhor de se viver.
Prof. Wescley Rodrigues
o tal poder que o dinheiro possui esta a criar na humanidade problemas muito serio, o homem praticamente esta a destruir tudo e o pior é que ele está muito bem consciente das suas accões.
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