domingo, 13 de junho de 2010

O Mistério da Morte

Anjo da Morte

Uma das primeiras perguntas feitas pelo homem quando toma consciência de sua existência é a de saber de onde ele veio e para onde vai. Todas as sociedades, sejam elas ágrafas ou com escrita, com um desenvolvimento social complexo ou não, questiona-se sobre essas duas questões básicas.

A experiência da morte um dia será vivenciada por todos nós, míseros e ínfimos mortais. Nascemos para a vida e conseqüentemente a morte. Isso é fato! Toda a nossa trajetória na terra passa pela vivência e contato com a morte, são esses acidentes de percursos que faze-nos ter a certeza de estarmos diante de um dos maiores mistérios da existência.

Atrelado a morte vem o sentimento de perda, dor, sofrimento, o medo do que há por vir. Seria a morte o fim de um ciclo? Seria o início da trajetória? Seria o descanso ou repouso eterno? Certeza é ser o momento onde abandonamos a nossa matéria, entregamo-nos a decomposição, apodrecemos, passamos por um processo de metamorfose.

O momento da partida é doloroso, pois com ele vem o romper dos vínculos, um rompimento que não poderá ser mais reatado. É o adeus! Amigos, essa é dinâmica da vida, ao entramos nesse fascinante mundo aceitamos independentemente de nossa vontade as leis naturais, as quais, todos nós somos regidos e manipulados.

Nossos corpos dependentes nos primeiros anos de vida vão ganhando vitalidade; acompanhamos o processo de mudanças constantes: os primeiros passos, quedas, as primeiras articulações silábicas cuja conseqüência será a construção de frases e orações. Crescemos, assustamo-nos com as mudanças corpóreas, membros crescendo rapidamente, hormônios aflorando no nosso íntimo. Socialmente passamos a ser considerados membros da sociedade, vamos gradativamente sendo tratados como homens e mulheres e temos as primeiras responsabilidades jogadas em nossos ombros. É a fase do desabrochar!

Com ela vem a formação acadêmica, os amores, as incertezas juvenis, as paixões avassaladoras, a inconstância, a construção de laços mais sólidos com outros sujeitos que estão fora do nosso ciclo sanguíneo. É a hora do casamento, da procriação, do cuidado com a prole. Entramos na rotina, o mundo a exigir de nós, e nós a cada vez mais tentarmos responder ao que é esperado. Assim, vemos os anos passarem, os segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, desfilarem diante dos nossos olhos. O deus Cronos consumindo a nossa existência, até o fatídico dia onde encontramos a reta final. O trajeto não pode mais ser voltado, os últimos passos nos conduzem ao fim. É o tempo de abandonar o caminho, entregar-se ao acaso.

Mas nem sempre a lei natural segue esse percurso, havendo uma antecipação do esperado. O mistério temido adianta-se para o encontro inevitável. Rompemos, então, a lei natural dos filhos enterrarem seus pais, e vemos os pais enterrarem seus filhos, gerando uma dor profunda nas íntimas fissuras do coração dos genitores. Nada mais doloroso do que assistirmos a morte de um jovem, pois inevitavelmente essa idade é tida como o momento do florescer, da alegria, do construir.

Eis um dos maiores problemas do século XXI, estamos nos tornando uma sociedade composta de pessoas cada vez mais idosas, o que é louvável, mas tornamo-nos, mais do que nunca, uma sociedade cuja sua juventude tem mais cedo o encontro com a morte. Imprudência, insensatez, incertezas, descuido, não saberia quais as causas, fato é, estamos revertendo à seqüência natural do trajeto.

Só restar-me-ia fazer um convite, prefaciando Gustave Flaubert quando diz: "A morte talvez não tenha mais segredos a nos revelar que a vida". Convidaria a viver cada fragmento de momento, a doar-se nas pequenas coisas, a viver intensamente na busca constante da felicidade, pois só assim, conseguiremos no momento derradeiro obtermos a nossa recompensa, que é a de ter feito o melhor enquanto podíamos.

Nesse contexto devemos construir a nossa trajetória.

Prof. Wescley Rodrigues






sexta-feira, 11 de junho de 2010

A “Família Cangaço”

Se há uma coisa digna de admiração no homem é a capacidade que esse tem de desenvolver no meio social uma vasta teia de amizade. Shakespeare já dizia em um dos seus brilhantes escritos que, “os amigos são a família que nos permitiram escolher”. Viver em sociedade faz com que o indivíduo assuma toda a complexidade que a cerca, ao tornarmo-nos seres sociais temos inevitavelmente que nos adaptarmos ao sistema e meio no qual estamos inseridos. Nessa perspectiva, ao longo de nossa trajetória humana vamos construindo nossas histórias vinculando-nos em grande parte as histórias daqueles sujeitos que estão ao nosso lado. As relações “familiares/amigáveis”, ou seja, os amigos como nossa segunda família, vão contribuindo no nosso crescimento, vão complementando-nos. Muitas vezes esses encontros se dão de forma inusitada e essas pessoas entram no trem de nossa história, escolhem percorrer juntamente conosco a mesma estrada. Assim é o que eu chamaria de “família cangaço”, pessoas cujo objetivo de estudar um tema polêmico da história do Brasil republicano, vão achegando-se uns aos outros e iniciando uma relação de amizade/pesquisa, sendo coadjuvantes na promoção do conhecimento sobre o movimento do cangaço. O XII Fórum do Cangaço vem a ser um desses momentos onde temos a oportunidade de, antes de tudo, rever amigos, consolidar laços, trocar experiências. Durante esses três dias de debates, conferências, encontros em bares e restaurantes estamos dando passos muito mais além do que a simples busca de produzirmos conhecimentos, estamos provando a capacidade que o homem tem de formar famílias não sanguíneas. Além de ser um momento de reencontro, discutimos pontos polêmicos das tramas do cangaço, abrimos novos rumos investigativos, “brigamos” pela defesa dos nossos pontos de vista, buscamos a compreensão das particularidades para termos a visão parcial do todo. Que continue por logos anos esses encontros frutíferos entre os diversos membros dessa família, que na sua pluralidade congregam-se em torno do cangaço e da história social e cultural do nosso Nordeste!

Prof. Wescley Rodrigues