sábado, 22 de janeiro de 2011

O Valor da Vida



Esses dias, navegando no Orkut, acabei me deparando com a imagem acima. É inevitável não ficarmos bestificados e condoídos diante da sensibilidade do fotógrafo ao captar essa imagem. Simples e bela, assim poderia defini-la. Um brilhantismo que fala por meio das minúcias, dos pequenos detalhes.

Quantos de nós com o nosso “achismo” e “centralismo”, como se o mundo girasse em torno do nosso umbigo, não percebemos que no nosso entorno há problemas maiores, pessoas que não estão preocupadas com a roupa que vão vestir, o perfume e maquiagem que usarão, ou a festa da noite e as notícias que serão vinculadas nas colunas sociais.

Há pessoas que estão lutando por uma coisa de extrema valia, a VIDA, dom tão supremo, tão valioso que todas as riquezas do mundo não pagaria uma vida humana. No entanto, a cada dia a vida está sendo banalizada. Estamos perdendo a nossa capacidade de se condoer com o sofrimento do outro, de chorar as dores do nosso irmão. Infelizmente estamos perdendo o nosso espírito de fraternidade.

Somos mais do que roupas, poder aquisitivo, grau de instrução... Parece que estamos ficando tão bitolados que estamos perdendo a noção dessa verdade universal, imutável! Esquecemos que antes de tudo somos irmãos, independente do credo religioso, pois somos parte de uma mesma família, mesma espécie.

É evidente que não é a futilidade do cabelo que faz falta a criança da foto, mas sim a saúde, o direito que quando ela nasceu lhes foi dado de viver, de correr pelas ruas, campos, praias, sorrir com os seus, ser embalada nos braços dos que ela ama, cair e chorar como qualquer criança da sua idade.

As lágrimas dessa menina veem carregadas de dor, não a que seria própria para a idade dela, mas a dor do mundo dos adultos, a dor que sorrateira e ladrona invade o mundo mágico dessa idade para tentar ceifar a sua vida. Seus olhos só pedem para viver, unicamente e exclusivamente isso, viver.

Nos seus ombros frágeis caí um peso maior do que eles, e ela, com sua fragilidade, vai levando com coragem; talvez com um sorriso no canto da boca que nos ajuda a pensar como somos felizes por estarmos vivos e saudáveis.

Meus caros, se você por um momento, através da visualização dessa imagem, não foi capaz de se condoer com o sofrimento dessa criança que representa a dor de outras milhares, preocupe-se, porque tu estas deixando de ser humano e tornando-se uma máquina sem capacidade de ser dotada de sentimento.

Digamos um sim a vida. A cada amanhecer agradeçamos a nova oportunidade de contemplarmos a chance que nos é dada!


Prof. Wescley Rodrigues

domingo, 16 de janeiro de 2011

Colapso do Sistema Prisional Brasileiro


Nos últimos anos se prolifera no cinema brasileiro, produções que visam representar a realidade do crime organizado que infelicita a nossa sociedade. É notório que estamos à beira do colapso social, no qual os padrões estão mudando e o cidadão trabalhador e honesto, está sendo obrigado a viver trancafiado nas suas casas, enquanto que, o criminoso toma as ruas, praças e favelas como micro-poderes que estão além do poder estatal.

Uma produção cinematográfica brasileira bastante interessante é o filme 400 contra 1, dirigido por Caco Souza. Nele, que tem como recorte temporal as décadas de 1970 e 1980, o diretor apresenta ao público como o Comando Vermelho foi gestado em pleno período da Ditadura Militar no Brasil.




Haja vista a riqueza da produção é inevitável que não pensemos como o nosso sistema prisional acaba contribuindo para a formação de marginais. Essa nossa ideia apresenta-se como extremamente problemática, pois, antes de tudo, as cadeias, penitenciárias e presídios teriam como principal objetivo, através do trancafiamento dos indivíduos que não podem conviver socialmente, reabilitá-los e inseri-los novamente no conviveu comum.

Mas, na realidade, o que temos ali é uma verdadeira universidade do crime, onde os sujeitos aprisionados saem diplomados nas peripécias da criminalidade, enquanto que o trabalhador comum tem que na labuta cotidiana trabalhar para, através dos impostos pagos ao Estado, sustentar os criminosos, assaltantes, traficantes, estupradores, etc., nos “hotéis do Estado”, pois é assim que podemos dizer que são as cadeias públicas.

Reconheço que são péssimas as condições de aprisionamento desses sujeitos, que são amontoados, muitos em condições desumanas. Daí nos perguntamos: Sairia mais barato para o Estado providenciar cadeias que reeduquem os criminosos e dêem condições deles se reabilitarem e voltarem dignamente ao convívio social, ou continuar a tomar medidas paliativas no referente a segurança pública, que são verdadeiros curativos que apenas estancam momentaneamente a mazela social?

Hoje, o domínio do crime organizado nas favelas, presídios e cidades, é apenas um reflexo de como o nosso sistema está deficitário e clama por soluções imediatas. Enquanto os discursos de melhoria da segurança não saírem da mera oratória oficiais, estaremos à mercê dos mandos e desmandos da criminalidade, veremos os papéis sociais se inverterem e a paz esvair-se por entre os nossos dedos; continuaremos a assistir assassinatos em série, estupros, roubos, ou mesmo chacinas nos presídios, onde sangue corre como rio, entre os corredores fétidos e imundos.

É preciso “Vigiar em Punir”, mas com dignidade, respeito e coerência, se não, estaremos a cada dia alimentando a semente do declínio da sociedade brasileira.


Prof. Wescley Rodrigues




Resignificando os padrões sociais


Fronteira entre a Praia do Cabo Branco e Tambaú, um grande fluxo de pessoas convergiam para um mesmo local, rumavam para a areia da praia, para ali participar do show da cantora Ana Carolina. Rostos diferentes, cores múltiplas, intenções e intencionalidades distintas. Nesse contexto, passei a pensar nas mudanças que o último século provocou na sociedade brasileira, e, porque não dizer, na mundial.


Apesar da aparência de “manada”, que um observador desatento pode, nos seus devaneios, julgar precocemente, temos que perceber que cada indivíduo daquele é um sujeito humano, e isso, por si só, já é responsável pela beleza daquele momento. Por um instante, esquecemos as amarras sociais que nos prendem, as convenções tão próprias da nossa “hipocrisia burguesa social”. Deixarmos o lado criança de cada um de nós falar mais alto, lado esse que só almeja se divertir, ser feliz....


Como a nossa dívida é grande com a geração que nos antecedeu; se hoje podemos tomar as praças, subir em bancos e palanques, passear pelas praias sem o medo de sermos abordados e julgados por nossa forma de pensar e ideologias, devemos a eles. Foram inúmeras vidas que com seu sangue e suor banharam o território brasileiro para romper com as algemas da ditadura, possibilitando que socialmente tornássemos voz ativa.




Gostamos de nos vangloriar que somos a geração da liberdade, no entanto, não podemos esquecer que apenas estamos colhendo os frutos das árvores plantadas nas décadas de 1950 e 1960... E assim vamos tecendo a teia da nossa trajetória, vamos vivendo essa liberdade de apossarmo-nos das ruas, praças e praias para em um momento maior nos confraternizarmos.


Mas também as pessoas e o corpo social são constituídos de pluralismos, o que reveste de um encanto mais especial a nossa sociedade. Ali, naquela noite, entre a brisa do mar e as ondas que teimavam em molhar os nossos pés cansados, doloridos e sofridos, pude observar como os padrões estão mudando, e, talvez, estejamos caminhando para uma sociedade mais justa e igualitária, onde o que será preponderante não é a nossa condição social, títulos hierárquicos, credo religioso, orientação sexual, conta bancária, etc., mas o realmente essencial será a nossa felicidade, pois como diria Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro O Pequeno Príncipe: “O essencial é invisível aos olhos!”


Cultivemos esse essencial, busquemos a nossa essência em plenitude, e plantemos a felicidade e a fraternidade, assim estaremos exercendo a nossa liberdade e rumando para uma sociedade melhor!


Prof. Wescley Rodrigues





sábado, 15 de janeiro de 2011

MEMÓRIA SOTERRADA



Nesses últimos meses o grande público tem tido acesso ao filme “O Sonho de Inacim”, dirigido por Eliézer Rolim e filmado no ano de 2006.

Em linhas gerais, o longa metragem tem como objetivo contar fragmentos da história do Padre Inácio de Sousa Rolim, fundador da cidade de Cajazeiras, pela perspectiva de um menino pobre que se ver envolto pelo sub-mundo das drogas e a dúvida em seguir os estudos.

Alguns pontos da produção cinematográfica mostram-se dignos de análises mais profundas, no entanto, atentamos para uma questão central que a sensibilidade do roteirista salientou de forma latente: A FALTA DE MEMÓRIA HISTÓRICA DA POPULAÇÃO CAJAZEIRENSE. Vejamos bem, isso é um problema que me preocupa enquanto historiador.


Todos os povos, nas mais variadas culturas e das mais variadas formas, ao longo da história, fizeram uso da memória como uma forma de repassar para a posteridade as suas lembranças, experiências e cultura. A memória seria assim, a força motriz que moveu as sociedades mesmo antes do desenvolvimento da escrita. Dessa feita, a memória histórica como também a cultura histórica vão se formando a partir de elementos que representacionalmente levam os indivíduos a reportarem-se a um passado vivido.

Como cajazeirense, desde cedo o abandono da nossa história foi algo que sempre me incomodou. Uma cidade que esbraveja aos quatro ventos que é “a cidade que ensinou a Paraíba a ler” envergonha seus filhos por não ter a capacidade, ou o cuidado por parte das autoridades civis e demais autoridades constituídas, de desenvolverem mecanismos de preservação da memória histórica local. Sem museus, arquivos sólidos e bem cuidados, vemos a documentação da nossa trajetória esfacelar-se na poeira do tempo ou sendo monopolizada pelos arquivos particulares, impedindo que os historiadores possam ter acesso a essa documentação para fazer um estudo mais amiúde sobre as questões pertinentes a nossa formação enquanto cidade.



Infelizmente quando a memória não é preservada, acabamos caindo no esquecimento; esquecimento que consequentemente contribui para o enfraquecimento da identidade de citadinos. Faz-se latente, políticas públicas efetivas que busquem fazer esse resgate da história cajazeirense, não através de discursos vazios em palanques no dia 22 de agosto de cada ano, providências múltiplas como cartilhas escolares para os estabelecimentos de ensino, contribuindo para um conhecimento da história local, museu, arquivo público bem equipado e preservado, só assim estaremos indo de encontro ao grito de socorro que emana por parte da história de nossa cidade.

Enquanto isso não acontecer não podemos ostentar o título de cidade da cultura, pois memória e preservação também é uma forma de cultura.



Prof. Wescley Rodrigues