Fronteira entre a Praia do Cabo Branco e Tambaú, um grande fluxo de pessoas convergiam para um mesmo local, rumavam para a areia da praia, para ali participar do show da cantora Ana Carolina. Rostos diferentes, cores múltiplas, intenções e intencionalidades distintas. Nesse contexto, passei a pensar nas mudanças que o último século provocou na sociedade brasileira, e, porque não dizer, na mundial.
Apesar da aparência de “manada”, que um observador desatento pode, nos seus devaneios, julgar precocemente, temos que perceber que cada indivíduo daquele é um sujeito humano, e isso, por si só, já é responsável pela beleza daquele momento. Por um instante, esquecemos as amarras sociais que nos prendem, as convenções tão próprias da nossa “hipocrisia burguesa social”. Deixarmos o lado criança de cada um de nós falar mais alto, lado esse que só almeja se divertir, ser feliz....
Como a nossa dívida é grande com a geração que nos antecedeu; se hoje podemos tomar as praças, subir em bancos e palanques, passear pelas praias sem o medo de sermos abordados e julgados por nossa forma de pensar e ideologias, devemos a eles. Foram inúmeras vidas que com seu sangue e suor banharam o território brasileiro para romper com as algemas da ditadura, possibilitando que socialmente tornássemos voz ativa.
Gostamos de nos vangloriar que somos a geração da liberdade, no entanto, não podemos esquecer que apenas estamos colhendo os frutos das árvores plantadas nas décadas de 1950 e 1960... E assim vamos tecendo a teia da nossa trajetória, vamos vivendo essa liberdade de apossarmo-nos das ruas, praças e praias para em um momento maior nos confraternizarmos.
Mas também as pessoas e o corpo social são constituídos de pluralismos, o que reveste de um encanto mais especial a nossa sociedade. Ali, naquela noite, entre a brisa do mar e as ondas que teimavam em molhar os nossos pés cansados, doloridos e sofridos, pude observar como os padrões estão mudando, e, talvez, estejamos caminhando para uma sociedade mais justa e igualitária, onde o que será preponderante não é a nossa condição social, títulos hierárquicos, credo religioso, orientação sexual, conta bancária, etc., mas o realmente essencial será a nossa felicidade, pois como diria Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro O Pequeno Príncipe: “O essencial é invisível aos olhos!”
Cultivemos esse essencial, busquemos a nossa essência em plenitude, e plantemos a felicidade e a fraternidade, assim estaremos exercendo a nossa liberdade e rumando para uma sociedade melhor!
Prof. Wescley Rodrigues
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