sábado, 15 de janeiro de 2011

MEMÓRIA SOTERRADA



Nesses últimos meses o grande público tem tido acesso ao filme “O Sonho de Inacim”, dirigido por Eliézer Rolim e filmado no ano de 2006.

Em linhas gerais, o longa metragem tem como objetivo contar fragmentos da história do Padre Inácio de Sousa Rolim, fundador da cidade de Cajazeiras, pela perspectiva de um menino pobre que se ver envolto pelo sub-mundo das drogas e a dúvida em seguir os estudos.

Alguns pontos da produção cinematográfica mostram-se dignos de análises mais profundas, no entanto, atentamos para uma questão central que a sensibilidade do roteirista salientou de forma latente: A FALTA DE MEMÓRIA HISTÓRICA DA POPULAÇÃO CAJAZEIRENSE. Vejamos bem, isso é um problema que me preocupa enquanto historiador.


Todos os povos, nas mais variadas culturas e das mais variadas formas, ao longo da história, fizeram uso da memória como uma forma de repassar para a posteridade as suas lembranças, experiências e cultura. A memória seria assim, a força motriz que moveu as sociedades mesmo antes do desenvolvimento da escrita. Dessa feita, a memória histórica como também a cultura histórica vão se formando a partir de elementos que representacionalmente levam os indivíduos a reportarem-se a um passado vivido.

Como cajazeirense, desde cedo o abandono da nossa história foi algo que sempre me incomodou. Uma cidade que esbraveja aos quatro ventos que é “a cidade que ensinou a Paraíba a ler” envergonha seus filhos por não ter a capacidade, ou o cuidado por parte das autoridades civis e demais autoridades constituídas, de desenvolverem mecanismos de preservação da memória histórica local. Sem museus, arquivos sólidos e bem cuidados, vemos a documentação da nossa trajetória esfacelar-se na poeira do tempo ou sendo monopolizada pelos arquivos particulares, impedindo que os historiadores possam ter acesso a essa documentação para fazer um estudo mais amiúde sobre as questões pertinentes a nossa formação enquanto cidade.



Infelizmente quando a memória não é preservada, acabamos caindo no esquecimento; esquecimento que consequentemente contribui para o enfraquecimento da identidade de citadinos. Faz-se latente, políticas públicas efetivas que busquem fazer esse resgate da história cajazeirense, não através de discursos vazios em palanques no dia 22 de agosto de cada ano, providências múltiplas como cartilhas escolares para os estabelecimentos de ensino, contribuindo para um conhecimento da história local, museu, arquivo público bem equipado e preservado, só assim estaremos indo de encontro ao grito de socorro que emana por parte da história de nossa cidade.

Enquanto isso não acontecer não podemos ostentar o título de cidade da cultura, pois memória e preservação também é uma forma de cultura.



Prof. Wescley Rodrigues


2 comentários:

  1. Vejo esse filme como um meio de mostrar as pessoas um pouco da história da cidade de Cajazeiras, até mesmo para as pessoas que vivem na cidade mas que no entanto não conhece as origens da mesma.
    Achei bem interessante o filme.

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  2. gostei do blog, bastante interesante, ! abraçao>!

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